domingo, 28 de abril de 2013

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É estranho voltar nesse blog, ler todas essas coisas de anos atrás, perceber o quanto as coisas mudaram, o quanto eu mudei. Penso em deletar o blog, em começar de novo em outro lugar... mas pra quê? Com qual finalidade eu precisaria desfazer esse blog? Por que eu não quero encarar o que fui? Do quê eu quero fugir? Não faz sentido pra mim. Eu estaria apenas tentando dissimular aquilo que um dia fui e coisas que vivi, justamente porque eu sei que aquilo que fui ainda permanece de alguma maneira em mim - por meio das memórias e dos resquícios de sentimentos vividos que ficaram impressos em mim. Porque sim, esses resquícios ficam. Não que eles fiquem em forma de sentimento, propriamente dito; talvez, em forma de "meta-sentimento", ou sentimento do que um dia foi sentimento. Não sei dizer bem. Releio as postagens do passado e fico deveras perplexa com o quanto fui ridícula em vários momentos da minha vida. Sim, ridícula. Ridícula em pensar que poderia fazer o que fiz com as pessoas. Ridícula em pensar que poderia fazer o que fiz comigo mesma.

Mas agora passou. E só o que fica é o resquício - aquele borrão que não sai nem esfregando com água sanitária. E apesar de ser um mero borrão, ele ainda assim incomoda, até pesa às vezes. Mas se aprende a conviver com borrões - com vários borrões - ao longo da vida. Pelo menos é o que eu espero.
[alguns borrões são coloridos e belos e extremamente nostálgicos - esses não trazem tristeza, apesar de às vezes trazerem dor; mas não se pode pensar em alguns deles sem sentir asco.]

Já não escrevo nesse blog com tanto drama, escolhendo as palavras pra parecer algo que nem sei o que é (e nem para quem). Já não escrevo com tanto pudor, talvez por não me importar tanto quanto antes com o que vão pensar de mim. De tudo isso, o que me conforta é sentir que, enfim, já não sou a mesma - talvez ridícula em alguns aspectos, mas não mais ridícula como antes.

Sinto que só venho nesse blog quando sinto uma inquietação que tem que sair. No presente momento, a inquietação tem sido maior do que eu. E o fato de não poder fazer nada a respeito aumenta ainda mais a sensação. Enfim. (faço questão de terminar o texto sem uma frase bonita ou impactante, só assim.)