domingo, 15 de dezembro de 2019

dissociação

Me vejo de longe, parada, uma versão de mim.
Sinto o gosto do que pude sentir e ser um dia. Ingenuidade de quem acreditava já não ser ingênua. Imaturidade de quem ainda era incapaz de perceber que sempre será imatura.

Me vejo de perto, um misto de sensações vazias. Calor-vazio que não aquece, vazio-afeto de estranhas caras a quem insisto anexar um afeto que está em mim, amor-vazio que assume rosto de casa, de uma casa vazia.

Me vejo de costas, a cabeça pendida para trás, com a mirada para mim. E eu que estou atrás, perdida num passado tão presente, percebo meu eu me mirando, dissociado de mim. Por mais clichê que isso possa parecer, não sei quem sou eu, e me vejo à parte, estranha, alheia a mim mesma.

Queria saber se olhar pra mim mesma significa a chance de um dia me alcançar.



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