domingo, 16 de fevereiro de 2020

Ele morreu.
Depois de aprisionar tanta gente em grades do abuso e do asco, acabou perecendo dentro de grades reais.

Ele se foi.
E com ele, findou-se o receio de que mais pessoas pudessem ser aprisionadas naquelas asquerosas grades que um dia ele foi.

Porque ele foi grade e corrente; emaranhado de coisas vis e perturbadoras; teia densa que ofuscou a minha luz, e a de tantas outras.

A possibilidade, contudo, de alertar essas tantas outras, para que não se tornassem outras mais, me escapou pelos dedos, deixando o gosto amargo da frustração causada pela paralisia sufocante, a única justificativa para meu silêncio de então.

E apesar do gosto amargo não morrer com ele, e nem a cicatriz se dissolver, as grades que um dia ele foi se derretem num passado merecedor do esquecimento.



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